NOTA TÉCNICA | Política Monetária e Impactos sobre a Indústria Brasileira
- Luiz Flávio
- 1 de ago.
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A recente decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa Selic em 15% reforça a continuidade de uma postura restritiva por parte do Banco Central, mesmo diante de sinais concretos de desaceleração da inflação. Os dados mais recentes do Relatório Focus apontam estabilidade nas expectativas para inflação, câmbio e crescimento, com viés de baixa para os principais índices de preços - o que fragiliza a justificativa técnica para a manutenção dos juros em um nível tão elevado e os riscos envolvidos.
Na prática, esse patamar tem imposto obstáculos significativos ao crescimento da atividade produtiva. Indústrias de capital intensivo e exportadoras, em especial, relatam cada vez mais dificuldades para acessar crédito, financiar a modernização de seus processos ou expandir sua presença em novos mercados. O custo do dinheiro, nesse contexto, torna-se um entrave real à competitividade e mina a confiança necessária para sustentar investimentos de médio e longo prazo.
Esse quadro ganha contornos ainda mais preocupantes diante da possibilidade da implementação do tarifaço americano, cujos efeitos sobre os produtos brasileiros podem elevar os custos em 50%. Trata-se de um fator de pressão adicional sobre a balança comercial e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), em um momento em que a indústria precisa de fôlego para reagir.
Neste contexto, é necessário olhar para além dos modelos e gráficos. Empresas, empregos e projetos estão sendo colocados em compasso de espera, à espera de um sinal de alívio. É tempo de considerar uma reorientação responsável da política monetária. A redução gradual da Selic, aliada a medidas de coordenação econômica, pode atuar como uma resposta estratégica para mitigar choques externos, reativar o dinamismo produtivo e garantir condições mais justas de competitividade ao parque industrial brasileiro.





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